Snow: marca pertence a subsidiária de um dos maiores conglomerados estatais da China
Snow, em português, significa neve. Mas no mundo todo a palavra quer dizer bem mais que isso – é a marca da cerveja mais consumida da China e, por consequência, do planeta.
O nome foi dado por causa da cor da espuma, branca com a neve e ela é tão aguada como o colarinho, segundo críticas do site BeerAdvocate. Com um grau alcóolico de 4%, é mais leve que a maioria das concorrentes, feita para ser consumida durante as refeições.
A bebida é produzida pela China Resources Snow Breweries, por meio de uma joint venture criada em 1994 entre a SAB Miller e a China Resources Enterprise Holding (CRE), empresa pública listada na bolsa de Hong Kong.
A parceria entre as empresas funcionou até março, quando a SAB precisou vender sua participação no negócio por US$ 1,6 bilhão para que agências regulatórias asiáticas aprovassem sua fusão com a AB Inbev, fechada em outubro.
Além da Snow, carro chefe com mais de 25 variedades, a empresa tem ainda mais de 30 marcas regionais e concentra 23% do mercado de cervejas da China.
Ao todo, a empresa chinesa conta com 95 cervejarias espalhadas por todo o país, que produzem mais de 1 bilhão de litros da bebida por ano. As vendas se multiplicam como bebida no deserto: desde 2005 cresceram 573% em volume.
Tudo dominado
Apesar de ostentar o fato de ser a dona da cerveja mais vendida do mundo, a CRE não se dá por satisfeita e investe em outras áreas.
No segmento de varejo, ela possui a Ng Fung Ng Fung Resources Limited, que produz e distribui arroz, carne e comida congelada.
Também tem uma operação de bebidas não alcóolicas, com a água mineral C'estbon.
Trata-se de um grande negócio com US$ 5,1 bilhões em valor de mercado, mais de 60.000 funcionários e faturamento de US$ 22,66 bilhões, segundo a Forbes.
Isso porque ela reduziu suas operações recentemente. Em 2015, se desfez de sua rede de varejo com supermercados e hipermercados para aumentar o foco na produção de cerveja.
E foi o que aconteceu: a marca tem se expandido ainda mais pelo país, por meio de aquisições de cervejarias regionais.
Um dos exemplos é a compra de 70% da Guizhou Moutai Beer. Outra que entrou para o portfólio foi a marca REEB, que era da japonesa Asahi e da holandesa Heineken.
A CRE está dentro da holding China Resources Company Limited, um dos maiores conglomerados estatais do país, com operações tão díspares que vão de petróleo e cimento a supermercado e seguros.
A gigante surgiu em Hong Kong em 1938 como Liow & Company com a finalidade de arrecadar dinheiro para armas e suprimentos para as forças comunistas durante a Guerra Civil Chinesa e a Revolução Comunista.
O nome atual surgiu em 1948 e ela se tornou uma holding bem depois, em 1983.
Atualmente, executivos da companhia estão sendo investigados por corrupção, com a suspeita de terem pago valores muito acima do mercado por nove minas chinesas, em uma aquisição de US$ 1,6 bilhão.
A situação levanta o debate sobre o poder de autonomia que empresas controladas pelo governo chinês de fato têm. A discussão é feita pelos chineses nos almoços e jantares, regados a Snow.
Fonte: Exame
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