Cidade no sul da Alemanha tem região tombada pela Unesco e é conhecida por sua cerveja defumada
BAMBERG - A cerca de 30 minutos de trem de Nuremberg, Bamberg é um verdadeiro paraíso para os amantes de cerveja. Só no centro há ao menos dez cervejarias. A pequena cidade, que em 1993 teve seu centro histórico (Altstadt) reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, ainda está longe do radar de grande parte dos turistas. Melhor para quem se aventura a conhecer a área, pois garante lugar mais fácil nas concorridas fábricas artesanais da deliciosa e típica cerveja defumada.
Dois dias são suficientes para quem pretende conhecer tanto os pontos turísticos da cidade quanto provar as marcas locais. E dá para unir os dois programas em uma espécie de “caça ao tesouro”. Basta ir até o serviço de informações aos turistas, no centro histórico, e comprar o “kit cervejeiro”, que inclui mochila, caneco, cinco descansos de copo e um mapa com cinco tíquetes que dão direito a trocar por copos de cervejas. Quem preferir pode simplesmente pegar o mapa da cidade — de graça — e sair explorando.
Devidamente equipado, comece a peregrinação etílica pela região. A cidade é cercada pelo Rio Regnitz, que forma uma espécie de ilha que divide as três regiões da cidade: Gärtnerstadt (área mais residencial), Inselstadt (cidade velha, como uma ilha cercada pelo rio) e Bergstadt (área das colinas).
O centro de informações, ponto de partida do passeio, fica no centro de Inselstadt. De lá são poucos passos até a Obere Brucke (ponte superior), que leva a Bergstadt. Nessa ponte fica o antigo prédio da Prefeitura, a Altes Rathaus. O prédio erguido no século XIV com madeira na fachada lembra um barco. A ponte que fica ao lado, Untere Brucke tem o melhor ângulo para avistá-la e à sua entrada fica a escultura “Centurion I”, de Igor Mitoraj.
Na cidade velha estão os primeiros endereços da trilha dos cervejeiros: Gasthausbraurei Ambräusianum, Schlenkerla e Brauerei-Gaststätte Klosterbräu. A mais nova é a Ambräusianum, famosa pela cerveja clara mais leve e não filtrada, Ambräusianum Hell. Já a Klosterbräu, mais próxima ao rio, na área conhecida como Klein-Venedig (Pequena Veneza), tem um biergärten e, entre suas especialidades, a cerveja preta Klosterbräu Schwärzla.
A cervejaria mais interessante, no entanto, é a Brauerei Schlenkerla, ao lado da Ambräusianum. O prédio é antigo, e na entrada há mesas para quem não consegue lugar no salão principal. Lá dentro, o pequeno restaurante com grandes mesas (geralmente cheias) serve pratos típicos. Mas se encontrar um lugar vazio e só sentar. Poucos falam inglês, então saber algumas palavras básicas em alemão ajuda. Mas as pessoas têm boa vontade e todos acabam se entendendo.
O cardápio não é muito extenso, mas oferece boas opções da gastronomia local: joelho de porco (eisbein), embutidos (wurst) e salada de batata (kartoffelsalat). Além de saborosos, todos combinam com a cerveja defumada, o carro-chefe da Schlenkerla. A mais pedida é a Aecht Schlenkerla Rauchbier (cerveja da casa), cujo aroma lembra bacon defumado. Tem cor escura, mas não é amarga, e é tirada direto de barris de madeira envelhecidos. Outra opção — deliciosa — é a Rauchwaeizen, cerveja de trigo defumada.
Depois, siga até a Domplatz, a bela praça onde fica a Catedral de São Pedro e São Jorge. Dentro da basílica está o túmulo do único Papa enterrado na Alemanha, Clemente II. As quatro torres, que combinam estilo romântico tardio e gótico francês, dominam a paisagem e podem ser vistas de diversos pontos. O interior, com abóbadas em estilo gótico, tem dois coros — de São Jorge e de São Pedro — em lados opostos. Ganha destaque na coluna próxima ao coro de São Jorge, a escultura do cavaleiro de Bamberg (Bamberger reiter), feita em 1230 e cuja identidade é um mistério.
Ao lado da catedral há o museu de história da região, construído no chamado Antigo Tribunal (Alte Hofhaltung), que abrigava um antigo palácio dos príncipes construído por Henrique II (cuja tumba está na catedral). A entrada do pátio, com várias árvores e construções com o típico enxaimel, fica num grande portal de pedra, decorado com estátuas. Também na Domplatz fica o antigo palácio dos bispos (Neue Residenz), aberto à visitação entre março e outubro. As paredes e os pilares exibem a árvore genealógica dos Habsburgos. Há ainda um acervo de pinturas de mestres alemães como Hans Baldung e Lucas Cranach.
Adiante há mais um ponto do tour cervejeiro. A igreja de São Michel, onde antes funcionava um monastério, fica em Michaelsberg, uma área mais elevada, com bela vista para Bamberg. Ali, há um enorme jardim. E um museu da cerveja no interior da igreja. No local, onde funcionava a cervejaria dos monges, agora há uma exposição permanente dedicada ao processo de produção da bebida. Feche a visita no bar para provar outra marca local, ou siga a região de Gartnerstadt.
Há ao menos quatro das principais cervejarias na área, todas próximas do rio. Comece pela Fässla, uma das mais tradicionais, que mantém o mesmo sistema de produção adotado há cem anos, quando os clientes levavam suas canecas até uma pequena janela para comprar a bebida. Quem não tem uma caneca pode sentar numa das mesas do salão, onde é servida comida.
O rótulo mais popular é Echtes Bamberger Zwergla, de tom amadeirado e aroma de malte e nozes. Do outro lado da rua, a Spezial, especializada em cerveja defumada, é a mais antiga da cidade. O salão, assim como na Fässla, é amplo, e tem grandes mesas comunitárias. A cerveja mais pedida é a defumada da casa: Rauchbier.
Para cerveja com aroma mais leve, a alguns quarteirões dali, a Brauerei Keesmann é especializada em pilsen. A Bamberg Herren Pils é a mais popular, mas também há cervejas de trigo e bock. Para os que valorizam a pilsen, o roteiro segue até Plzen, na República Tcheca (nos próximos posts aqui no Blog), berço dessa variedade de cerveja.
SERVIÇO:
Kit cervejeiro: O escritório de turismo de Bamberg fica em Inselstadt (Geyerswörthstrasse 5). O kit custa € 22.
Fonte: O Globo
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