Quando Jacques Du Plessis passou um mês em Dublin neste ano, ele decidiu se hospedar no Generator, um albergue com uma sala de cinema, “suíte feminina com banheira de hidromassagem” e um bar com candelabros feitos de garrafas de uísque Jameson.
“Em um hotel econômico, você é anônimo”, disse o sul-africano de 36 anos em uma entrevista. Em um albergue, você pode “vivenciar mais a vibe da viagem”.
Conheça os mochileiros endinheirados: membros da geração Y, na faixa dos 20 e 30 anos, que optam por albergues mais caros ao invés dos hotéis tradicionais para trocar dicas de viagem enquanto tomam uma cerveja artesanal em bares cheios de estilo antes de descansar em um dormitório impecavelmente limpo.
O poder de compra deles está atraindo investidores como Foncière des Régions, Patron Capital Partners e Invesco Ltd. para alojamentos temporários que oferecem acomodações melhores do que as instalações de baixo custo que os estudantes mochileiros costumam escolher, e que são mais lucrativas do que os hotéis econômicos.
A Foncière des Régions reservou 400 milhões de euros (US$ 450 milhões) para investir em albergues europeus até 2018.
Os albergues são “muito atraentes” para os investidores porque as empresas que operam os imóveis cuidam bem deles, disse Philippe Le Trung, diretor de desenvolvimento corporativo da Foncière des Régions. “Elas precisam de parceiros para desenvolver coisas novas”.
Os investidores estão buscando rendimentos em mercados de propriedades menos tradicionais porque o capital disponível para investir em ativos imobiliários atingiu um recorde em todo o mundo, reduzindo os retornos de aluguéis.
Poder de compra
Os mochileiros endinheirados gastam mais de 800 euros em hospedagem durante uma viagem, em comparação com cerca de 500 euros gastos pelos turistas, de acordo com a Stay Wyse, porque eles costumam ficar mais tempo.
Os gastos feitos por jovens turistas estrangeiros pelo mundo aumentaram 40 por cento no ano passado, para US$ 230 bilhões, em relação a 2007 e devem chegar a US$ 336 bilhões até 2020, disse a empresa que representa o setor internacional de turismo jovem.
Os albergues “proporcionam mais o que a geração Y quer, gosta e precisa em termos de hospedagem em comparação com as preferências da geração anterior”, disse Howard Roth, diretor de imóveis internacionais na empresa de auditoria EY. Entre os investidores, “existe a mentalidade e o apetite por qualquer coisa que possa gerar um rendimento”.
‘Design descolado’
“Se você não tiver um design descolado, obras de arte interessantes e ambientes instigantes, você vai ficar para trás”, disse Josh Wyatt, sócio da Patron Capital, em uma entrevista no Generator de Londres.
A Invesco Real Estate, que administra US$ 61,8 bilhões, decidiu em novembro pagar 60 milhões de euros por até 23 por cento do Generator, que serão usados em novos projetos.
A operadora de albergues está prestes a comprar imóveis em Miami e Los Angeles, disse Wyatt.
Nova York, Washington e Toronto também estão na lista de alvos da Generator como parte de um plano para aumentar a quantidade de camas em cerca de 50 por cento, para 10.000, nos próximos dois anos, disse Wyatt.
Construir albergues costuma ser 25 por cento mais barato do que construir hotéis econômicos. A empresa também vai considerar a possibilidade de abrir franquias no futuro, disse o presidente do conselho executivo, Carl Michel, em uma entrevista.
Expansão internacional
O dinheiro reservado pela Foncière des Régions será utilizado para comprar edifícios operados pela Meininger Holding GmbH, uma unidade da Cox Kings Ltd., com sede em Mumbai.
A Meininger pretende passar dos 16 albergues atuais para mais de 40 nos próximos cinco anos, disse o CEO Navneet Bali. A empresa também está analisando a abertura de propriedades na Índia e nos EUA.
Um quarto para quatro pessoas no Generator de Dublin em julho custa 93,60 euros, em comparação com 328 euros por um quarto para duas pessoas no hotel Radisson Blu, a menos de 2 quilômetros de distância.
Du Plessis, que agora trabalha em Dublin, disse que na primeira vez em que se hospedou em um albergue ele não estava acostumado a compartilhar instalações.
“Depois de um tempo, você fica meio viciado nisso”, disse ele. “Era muito interessante manter conversas internacionais com pessoas de diversos lugares”.
Fonte: Revista Exame
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