Cerveja artesanal a base de banana madura é produzida em Chapada dos Guimarães

Por Rayane Alves

Após perceberem a necessidade de consumir uma cerveja com boa qualidade para satisfação do paladar, o enfermeiro Amaury Ângelo Gonzaga, o dentista Diomedes Barzotto Jr e o fotógrafo Edilon José do Carmo resolveram fabricar em Chapada dos Guimarães, alguns tipos de cervejas que mais lhe agradam. 

Essa é a segunda criação de cerveja do Estado com a utilização de produtos nativos. A primeira foi a Benedita Furrundu Stout que leva em sua receita, o tradicional doce cuiabano feito de mamão, rapadura e gengibre. A nova cerveja, ainda sem nome, tem como um dos ingredientes a banana madura e o trigo.

De acordo com Edilon, tudo começou porque ele e os amigos gostam de se reunirem com a família para degustar cervejas. Segundo o fotografo, as bebidas tradicionais acabam por não mais satisfazer quem consome. Além do quê, os processos utilizados para a fabricação de cervejas em escala industrial, acabam priorizando a redução de custos, deixando de lado a qualidade dos insumos e, consequentemente do produto final.

“A maioria das cervejas campeãs de venda utilizam quase 50 % de milho como fonte de amido, o que certamente tem uma grande influência no resultado obtido. E hoje existe uma verdadeira revolução em curso no mercado cervejeiro, sendo relativamente fácil adquirir os mais variados insumos, de várias partes do mundo, indispensáveis à fabricação de boas cervejas”, avaliou.

Um dos tipos fabricados pelos amadores foi a Pale Ale (produzida a partir de cevada maltada que trabalha melhor em temperaturas mais elevadas), Blond Ale (alta fermentação e com sutil complexidade), Hefe-Weisenbeer (de trigo que apresenta notas suaves de especiarias e banana madura), e a próxima inovação será a Drystout (cerveja escura que tem gosto de torrada).

Conforme o fotógrafo, não há segredo para se produzir uma boa bebida. A cerveja caseira, por exemplo, pode ser fabricada até com o auxílio de utensílios simples de cozinha, minimamente modificados ou adaptados para melhor desempenhar as funções necessárias.

ETAPAS DA FABRICAÇÃO

Após a escolha dos insumos e do tipo de cerveja que se quer produzir, as etapas são: a moagem do malte, brassagem (fase que consiste na transformação do amido contido nos grãos de malte em açúcares fermentáveis diluindo-os na água, o que resulta no mosto), fermentação, maturação e gaseificação. Edilon avalia que o tempo de produção é bastante variável, pois muda conforme o estilo a ser produzido, mas em média demora 25 dias.

“Dentro disso, nosso custo por litro também varia bastante conforme o tipo de cerveja. E ele varia de R$ 7 a R$ 10, sem considerar amortização do custo do equipamento. Também é preciso lembrar que sempre tem um gasto extra e não tem como mensurar em fatores, como por exemplo, água, energia e gás. Já as cervejas a preço de balcão, podem varia de R$ 20 a R$ 150 por garrafa”, criticou.

A BENEDITA

Segundo Edilon, não dá para negar que o ‘case’ da cerveja cuiabana Benedita é inspirador a qualquer um que acompanhe os movimentos deste hobby. Mas, o desejo de brincar com os insumos disponíveis, a curiosidade e o prazer de poder dominar uma técnica que já acompanha a humanidade há mais de 6 mil anos são sem dúvidas os principais estímulos.

“Hoje no Brasil tem um movimento de profissionais especialmente na culinária dedicados a descobrir e redescobrir ingredientes regionais e nativos, visando o crescimento nesta área. E a Benedita é um exemplo porque utiliza o Furrundu em sua fórmula acaba valorizando a cultura regional”, falou.

Ainda conforme Edilon, o grupo de amigos por enquanto não tem pretensões em construir uma empresa para produção em grande escala.

Fonte: Hiper Notícias