Tour leva grupos a bares e cervejarias e conta com degustação de bebidas.
'Passeio dissemina cultura e cria novos consumidores', diz sommelier.
Turistas degustam cervejas especiais em bares e cervejarias de Ribeirão Preto (Foto: Fernanda Testa/G1)
Final de tarde em Ribeirão Preto (SP). Um grupo de 10 pessoas se reúne em um ponto da cidade à espera de uma van. O passeio turístico, no entanto, tem um trajeto diferente do convencional: em vez de museus, teatros ou parques, os passageiros são levados a bares e cervejarias da cidade. Conhecida como 'Rota da Cerveja', a iniciativa vem de uma agência de turismo local, e pretende divulgar o mercado de cervejas artesanais de Ribeirão.
Antes conhecida como "terra do chope", a cidade vem ganhando cada vez mais espaço na produção e venda de cervejas especiais. "O tour é acompanhado por uma sommelier que conta a história da cerveja, curiosidades e leva os passageiros ao mundo cervejeiro. Durante todo o passeio o pessoal aprende como se faz a cerveja, conhece os principais ingredientes e ainda pode degustar as bebidas", explica o turismólogo Thiago Zacharias.
O passeio
O G1 acompanhou um grupo de empresários que fez o passeio pela primeira vez. O tour, de aproximadamente três horas, começa pela cervejaria Lund, depois segue para o bar Cervejarium, da fábrica Colorado. Em seguida, os turistas são levados ao Fritz, cervejaria com produção de bebidas concentrada em Monte Verde (MG). O passeio termina na cervejaria Invicta, na zona oeste de Ribeirão, onde os integrantes do tour provam as cervejas artesanais diretamente dos tanques.
Entre as curiosidades apresentadas durante o passeio, os visitantes aprendem, por exemplo, que as cervejas se dividem em duas grandes famílias: lager, ou de baixa fermentação – produzidas em temperaturas em torno de 10ºC, como a famosa cerveja pilsen –; e ale, que são as bebidas produzidas em alta fermentação – geralmente entre 14º e 25ºC.
Os turistas também veem mitos derrubados, como o de que cerveja e chope não têm diferença, e que a palavra chope nada mais é que a derivação da expressão alemã “schopp”, medida usada para especificar uma quantidade de líquido equivalente a 300 mililitros.
Para a sommelier de cerveja Taiga Cazarine, que acompanha os grupos no tour, o passeio vai além da degustação das cervejas especiais. "São pessoas diferentes que se juntam para tomar boas cervejas e dar boas risadas. Assim que começo a passar informações, surgem conversas. Tento passar esse primeiro conhecimento, para que a pessoa ao menos saiba escolher uma cerveja no cardápio, entende o porquê daquele sabor, daquele aroma. Toda essa conversa faz com que quem participa leve isso para um conhecido, um familiar. Sinto que estou disseminando cultura e criando novos consumidores", afirma.
Experiência nova
Conhecer novos sabores e descobrir a origem de cervejas especiais acaba sendo uma experiência nova até para quem mora na cidade. É o caso do empresário Roberto Bento, de 34 anos. Ele conta que até então não conhecia o mercado das bebidas artesanais. "Nunca tinha experimentado nada de artesanal. Só consumia as cervejas tradicionais. Esse tipo de passeio permite que a gente conheça novidades, aprecie essas cervejas diferentes. Eu nem imaginava, por exemplo, que existia cerveja com mel. Vou procurar indicar a amigos e agora quero conhecer um pouco mais dessas variedades de cerveja", diz.
Habituado ao universo das bebidas artesanais, o publicitário Ulisses Alexandre Soares, de 31 anos, diz que é fundamental experimentar diversos tipos de cervejas especiais para encontrar a que mais agrada o paladar. "Eu não gostava de cerveja. Foi experimentando que aos poucos comecei a entender um pouco do assunto. Desenvolvi o paladar e passei a gostar.
A partir do momento que você experimenta vários tipos de cerveja, você acaba se identificando com algum deles. Se tem um ingrediente que agrada, a pessoa pode ir além e passar a pesquisar outras cervejas semelhantes. Hoje digo que prefiro beber menos, mas beber melhor", afirma.
Mercado em ascensão
De acordo com Carlos Henrique Braghin, gerente do Cervejarium, Ribeirão se tornou um pólo de produção de cervejas especiais, mas ainda é preciso mais incentivos para que a cultura do consumo desse tipo de bebida se propague. "Esse tour cervejeiro é uma boa iniciativa para introduzir um pouco do que tem por trás da cerveja artesanal. A maioria das pessoas que participa não conhece esse tipo de produto. O acesso, no entanto, permite que elas mudem um pouco a concepção do consumo de grandes quantidades das chamadas cervejas 'tradicionais', para menores quantidades de bebidas de qualidade", diz.
Apesar de considerar que o Brasil ainda não é um país de cultura cervejeira, Braghin acredita que o crescimento do mercado de bebidas artesanais deve aos poucos agregar mais consumidores. "Quando se fala em cerveja artesanal, a frase que a gente tem que levar é ‘permitam-se experimentar’. A melhor cerveja é sempre aquela que te remete a coisas legais. O brasileiro foi acostumado a só consumir a cerveja pilsen. Hoje estamos voltando aos ancestrais, quando associamos o consumo da cerveja não como sinônimo de ficar bêbado, e sim como parte da alimentação. O mais importante, nesse processo todo, é o conceito de beber menos, mas beber melhor", conclui.
Serviço
Rota da Cerveja
Como funciona: tour de van pelos estabelecimentos Lund, Colorado Cervejarium, Fritz e Invicta guiado por um sommelier e com degustação de cervejas artesanais.
Valor: R$ 185 por pessoa
Informações: Livre Acesso Turismo - Tel: (16) 3941-3086
Além de degustar cervejas artesanais, turistas recebem informações sobre a produção das bebidas com sommelier (Foto: Fernanda Testa/G1)
Fonte: G1
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