Num pequeno quadro de madeira junto a uma porta estão placas com os nomes de cada um e um sistema de marcadores coloridos que indicam se estão ou não no edifício. “Antigamente era preciso, se alguém os procurasse. Hoje já têm telemóveis”, brinca Ben.
Mas não se pense que os monges têm uma vida fácil. Todo o trabalho doméstico da abadia é garantido por eles. Até o da cozinha, explica Ben enquanto nos mostra o refeitório, onde os dez lugares estão já postos na longa mesa. Havia um cozinheiro, um holandês que até tinha trabalhado num restaurante em Veneza, mas durante anos os monges tentaram convencê-lo a ser padre. Ele recusou sempre, até que se convenceu a fazer os estudos. “Falhou e tem vergonha de voltar aqui, por isso eles ficaram sem cozinheiro”, conclui Ben.
Os cozinhados podem correr melhor ou pior, mas há, no entanto, uma coisa que está garantida aqui: a cerveja, que continua a ser produzida na fábrica a pouca distância da abadia. Desde que foi comprada pela Heineken, em 2000, a Affligem já se espalhou por 30 mercados, primeiro os vizinhos, França, Espanha, Itália, Holanda, e agora também os asiáticos.
É na fábrica que termina a nossa visita. Aí é-nos explicado todo o processo de produção e tentamos, confusos, identificar as cinco especiarias que são adicionadas à Double (alcaçuz, anis, sementes de coentros, cominhos, pele de laranja).
Ninguém fala em quantidades, porque num país como a Bélgica, onde se produzem mais de 600 cervejas, o segredo é a alma do negócio. O segredo e uma boa história para contar — mas nesse campo a Affligem não tem que se preocupar, os monges são os melhores parceiros que poderia desejar. São eles, na verdade, que, há muitos séculos, lhe dão o corpo — e a alma.
A Fugas viajou a convite da Heineken
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