Se engana quem pensa que não se bebe a loura nas proximidades do inverno; baterista gaúcho tem dicas para encontrar a versão ideal
''Num clima mais frio, podemos escolher cervejas com mais corpo e, às vezes, mais alcoólicas, o que pede maior moderação no consumo'', explica músico do Nenhum de Nós e cervejeiro experienteAinda faltam alguns dias para o inverno chegar (no próximo dia 21), mas as temperaturas em Belo Horizonte já abaixaram um pouco (nem tanto quanto em outros anos, mas tudo bem). Mas a promessa é de que quando a estação chegar, aí sim teremos um frio mais intenso. E como fica o público da cerveja, que não dispensa a loura gelada em qualquer situação? O consultor cervejeiro Sady Homrich explica que, com temperaturas mais baixas, também é possível manter a rotina e não abandonar a bebida.
Mas é preciso saber escolher. “Se você toma cerveja apenas pra matar sede ou ficar tonto, pule essa resposta. Num clima mais frio, podemos escolher cervejas com mais corpo e, às vezes, mais alcoólicas, o que pede maior moderação no consumo. Quem curte as de trigo, tente uma weizenbock (Eisenbahn ou Schneider Aventinus). Vai bem com fondue de chocolate. Na escola belga, uma tripel (Wäls ou La Trappe) acompanha bem queijos bem curados. E pra quem acha que ‘de doce basta a vida’, uma Black IPA (Küd Blackbird ou Cafuza, da Serra de 3 Pontas)”, indicou.
Sady, que também é baterista da banda gaúcha Nenhum de Nós, não dispensa uma boa conversa, sempre regada a ótimas cervejas, principalmente em suas visitas a Belo Horizonte, que se tornou um dos grandes polos cervejeiros do Brasil. Aqui, inclusive, ele já foi jurado de concursos gastronômicos. “Tudo começou em família. O gosto pela química auxiliou a entender o processo e a curiosidade por novos sabores ajudou a perceber as diferenças. Pensei em fabricar cerveja em 1983, durante o curso de Engenharia Química. E fiz. E continuo fazendo, por hobby, para tomar com os amigos. Sem pretensão comercial. Nesse momento tenho uma espécie de Amber Ale maturando lá na praia do Laranjal”, explicou.
E misturando a bebida com a música, surgiu a cerveja Camila, Camila (1988), da cervejaria Bamberg, do interior paulista. “Foi uma belíssima homenagem de Alexandre e Janaina Bazzo, gestores da Bamberg (de Votorantim-SP), pelos 25 anos da canção homônima. Era pra ser uma batelada única, comemorativa. Mas caiu no gosto dos cervejeiros por ser o resgate do estilo que foi mais aviltado no planeta, o bohemian pilsen. Pilsen virou sinônimo de cerveja aguada e sem gosto, e acabou entrando em linha da Bamberg, uma das cervejarias mais premiadas do Brasil”, frisou o músico.
A cerveja, aliás, foi cuidada para ter todos os detalhes que remetem à canção, um dos clássicos do rock nacional dos anos 80. “Uma curiosidade: quando falávamos sobre a receita elaborada pelo Bazzo, sugeri que a lupulagem fosse feita de forma a dar um amargor adequado ao estilo (entre 35 e 45 IBU), usando a idade da personagem que tinha 17 anos em 1987 (“...E eu que tinha apenas 17 anos baixava minha cabeça pra tudo...”). E 25 anos depois ela tinha 42. Bingo: 42 IBU, bem equilibrados, com o caráter de malte especial dessa cerveja”, brincou. Vale ressaltar que IBU nada mais é que o grau de amargor conferido à cerveja. É a abreviação de International Bitterness Unit, ou unidade internacional de amargor.
Nas Notas
Mas caindo definitivamente para o lado musical da conversa, além de 'Camila, Camila', o Nenhum de Nós emplacou 'Astronauta de mármore' (1989), versão do clássico 'Starman', do inglês David Bowie. E a banda acaba de completar 30 anos.
Para Sady, o segredo é simples. “Tomar bastante água, levantar cedo, ter uma vida regrada, evitar gordura e bebida alcoólica... Balela! A amizade foi a mola propulsora da banda e ela ensina a respeitar as diferenças entre nós. Respeito que também sempre tivemos pelas pessoas que nos escutam, pois a arte não é nada se estiver dissociada de quem a consome”, ensinou.
Lá nos primórdios da banda, no início dos anos 80, quando ainda estavam nos primeiros ensaios em Porto Alegre, Sady, o vocalista Thedy Corrêa e o guitarista Carlos Stein (depois entraram o outro guitarrista Veco Marques e o tecladista João Vicenti, com Estevão Camargo, músico contratado, cuidando do baixo), não imaginavam que teriam o sucesso que acabaram alcançando.
“Entre ensaiar sério e viver de música tivemos outras etapas. Mas desde que começamos a compor nosso material os ensaios eram de muito trabalho. Ficamos um tempo aprendendo, compondo, ensaiando e maturando o conceito entes de sair tocando em público. Nunca quisemos tocar covers pra conquistar o público e isso restringia os locais. Mas foi fator decisivo para o Tonho Meira, empresário desde então, parar para nos escutar e ver que aqueles nerds tinham algum futuro”, brincou.
E falando sobre a onda oitentista que segue varrendo quem passa pela frente, Sady garante que o Nenhum não ficou estagnado na década. “Costumo dizer que começamos nos oitenta mas não ficamos parados lá! Sempre acreditamos na nossa raiz criativa, por isso ficamos morando em Porto Alegre e desenvolvendo nosso trabalho apesar dos modismos. Todo artista sonha que o maior número de pessoas tenham contato com suas obras. Só que a mecânica de audição mudou, está mais transitivo. Ouvir música em aparelho portátil é diferente de ‘sentar pra ouvir um disco’, como fazíamos. Agora, quem quer realmente conhecer, tem várias ferramentas muito mais democráticas. Esse é o verdadeiro público da banda, não os consumidores de sucesso.”
Engana-se quem pensa que o Nenhum de Nós não tem novas ideias. A parte criativa da banda segue a todo vapor, tanto que eles têm um disco novo, o 17º de estúdio, saindo do forno. “Sempre é Hoje. O nome do álbum é uma homenagem ao cantor e compositor argentino Gustavo Cerati, que falaceu no ano passado, depois de mais de três anos em coma, de quem somos fãs. Em 2002 ele lançou 'Siempre es hoy', um grande álbum. O processo criativo desse disco foi totalmente diferente e isso trouxe uma espontaneidade muito grande à obra”, explicou, lembrando que a obra do artista argentino serviu de fonte de inspiração.
“As letras foram o partidouro para alguns estudos individuais de melodia, harmonia, ritmo e timbre que vieram à tona no estúdio, sob a batuta colaborativa do produtor JR Tostoi e nossa.”
E o futuro? “Semana que vem vamos até Curitiba, no outro mês São Paulo, Brasília e Goiânia. Depois Rio e Belo Horizonte. Isso só pra falar das capitais. Um passo de cada vez, com solidez, sempre pensando nos próximos”, disse, partindo para outro assunto que seduz bastante o Nenhum de Nós, o futebol.
“Adoramos futebol, mas penduramos as chuteiras e o time da banda - o SER Nenhum de Nós - fez bonito enquanto durou. Fora das 4 linhas somos Cônsules Culturais do Internacional e acreditamos piamente que seremos tricampeões da Libertadores esse ano.”
Fonte: Divirta-se Uai
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