A fábrica da Constellation Brands em Nava, no México, está sendo ampliada e deve dobrar sua capacidade até junho de 2016. Julia Robinson for The Wall Street Journal
Aqui na Nava Brewery, no México, bem perto da fronteira com o Estado americano do Texas, guindastes robotizados enchem caixas com garrafas de Corona Extra e as depositam sobre paletes que, por sua vez, são transportados por veículos que se dirigem sozinhos.
Isso é o mais moderno que uma fábrica de cerveja pode ser hoje em dia — e ela está prestes a ser ampliada. Do lado de fora, 3 mil pessoas trabalham numa obra que vai mais que duplicar o tamanho da fábrica da Constellation Brands Inc., STZ +0.74% para que a firma possa inundar ainda mais o mercado americano com cerveja.
As marcas da Constellation, que incluem a Corona, Modelo Especial e Pacifico, cresceram 12% no varejo americano nos últimos 12 meses — um ritmo muito mais rápido que o do setor em geral, que avançou 0,4% nas 52 semanas encerradas em 16 de maio, segundo dados da firma de pesquisa Nielsen citados pelo Citi.
É um desempenho de se admirar para uma companhia que nem tinha planos de ser uma cervejaria. Até 2013, a Constellation, que é sediada em Nova York, não passava de uma obscura fabricante de vinho com US$ 2,8 bilhões em vendas anuais e apenas um pé no mercado de cerveja. Ela produzia os vinhos Robert Mondavi e o Clos du Bois e distribuía a Corona nos Estados Unidos por meio da Crown Imports LLC, uma joint venture.
Ela bem podia ter continuado com o mesmo perfil se a Anheuser-Busch InBevABI.BT -0.55% NV não tivesse comprado o Grupo Modelo GMODELO.MX -1.33% por US$ 20,1 bilhões em 2012, o que exigiu que ela se desfizesse de certos negócios para atender às exigências dos reguladores. Como a Crown Imports era uma parceria com o Grupo Modelo, a Constellation virou a natural beneficiária.
A AB InBev primeiro fechou um acordo para vender à Constellation, por dez anos, os direitos do negócio de importação das cervejas da Modelo nos EUA. Mas os reguladores intervieram e a Constellation recebeu uma herança inesperada: a fábrica Nava Brewery, dez marcas de cerveja e os direitos de vender as cervejas Modelo nos EUA. Os ativos eram avaliados em US$ 5,3 bilhões.
Do dia para a noite, a Constellation se tornou a terceira maior cervejaria dos EUA por volume.
“Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer”, diz Bill Hackett, presidente da divisão de cerveja da Constellation.
Desde que o acordo foi fechado, o valor de mercado da Constellation mais que dobrou, passando de US$ 10,43 bilhões para US$ 22,79 bilhões. Suas vendas anuais cresceram para US$ 6,03 bilhões desde 2013, com as de cerveja contribuindo com 53% desse valor. O lucro operacional da divisão de cerveja subiu de US$ 448 milhões em 2013 para US$ 1,02 bilhão, superando o lucro operacional do negócio de vinhos e destilados.
Esses resultados fazem dos US$ 140 milhões gastos pela Constellation em 1993 para comprar a operação de importação da Corona “um dos melhores negócios de bebidas alcoólicas de todos os tempos”, diz Benj Steinman, presidente da “Beer Marketer’s Insights”, uma publicação americana especializada no setor. Estima-se que as vendas totais atingiram 14,4 milhões de barris em 2014, segundo a “Beer Marketer’s Insights”. (Um barril equivale a 117,3 litros.)
Mas um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA deixou a Constellation em uma situação difícil. Ele exige que a empesa passe a produzir 100% da cerveja que comercializa até junho de 2016 — uma tarefa nada fácil para uma empresa com 70 anos de experiência na produção de vinhos, não de cerveja.
“A maior dúvida que tive quando isso foi anunciado foi: Que diabos sabemos sobre cerveja?”, diz Hackett, da Constellation.
Felizmente, a compra da Constellation incluiu os 650 funcionários da Modelo que operavam a Nava Brewery, então a produção não tem sido um problema. Mas a cervejaria apenas produzia 8,4 milhões de barris de cerveja, cerca de metade das vendas no mercado americano. Então, a Constellation deu início a um projeto para mais que dobrar a capacidade da fábrica até junho de 2016. Atualmente, a outra metade do volume que a firma vende vem da AB InBev, que aceitou ser sua fornecedora no acordo fechado com os reguladores.
A propriedade de 324 hectares está repleta de operários instalando silos de grãos, equipamentos de fermentação e 21 quilômetros de trilhos de trem ao lado da cervejaria existente, na cidade mexicana de Nava. A Constellation também está se tornando independente da cadeia de suprimentos da AB InBev e desenvolvendo a sua própria.
“Estamos dobrando nossa capacidade e produzindo cerveja ao mesmo tempo”, diz Michael Othites, diretor de operações de cerveja da Constellation. “Não há nada como isso” nessa indústria.
As vendas de Corona subiram cerca de 10% nos últimos cinco anos, para 7,8 milhões de barris, e ela é hoje a principal cerveja importada pelos EUA e a quinta mais vendida no país.
A divisão de cerveja deve ter um crescimento anual de pelo menos 6% nos próximos dez anos, preveem analistas. Hackett diz que seu maior receio é não conseguir atender a demanda. Isso fez com que, em 2014, a Constellation ampliasse em 4,2 milhões de barris o projeto de construção da fábrica de Nava, ao custo de cerca de US$ 500 milhões, o que elevará a capacidade para 28 milhões de barris até 2018. O custo total do projeto é de US$1,5 bilhão.
A Constellation também está procurando um lugar para instalar uma segunda cervejaria perto da Califórnia, que responde hoje por cerca de 25% do volume da empresa. Executivos da empresa dizem que nova unidade poderia produzir ao menos 8,4 milhões de barris e futuramente expandir esse volume para 21 milhões.
A analista do Morgan Stanley MS -1.06% Dara Mohsenian diz que a expansão da unidade pode “gerar algum risco e volatilidade” para a Constellation.
Quando um funcionário da cervejaria descobriu cacos de vidro dentro de garrafas da Corona em meados do ano passado, a empresa fez um recall que lhe custou US$ 37 milhões, apesar de ninguém ter se ferido. Ela recolheu a cerveja das prateleiras em pleno período de verão nos EUA.
Mas a aposta no futuro das vendas tem apoio de outras empresas. A empresa ferroviária Union Pacific Corp. UNP -1.12% está investindo em uma unidade no Texas para ajudar a gerenciar o crescente volume de cerveja importado e a Ball Corp.BLL +0.42% anunciou recentemente que vai construir uma fábrica de latas de Corona no México. Hackett recentemente estabeleceu a meta de dobrar o volume de produção para 360 milhões de caixas até 2024.
Fonte: The Wall Street Journal
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