Semente da araucária foi extraída segundo padrões que permitem a conservação da floresta nativa
Uma cerveja produzida no Paraná feita de pinhões coletados de acordo com padrões sustentáveis que protegem a Floresta com Araucárias ganhará mais uma safra em maio. A bebida é produzida com insumos do Araucária+, iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza com a Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI), de SC. O objetivo dessa iniciativa é conservar a floresta agregando valor aos produtos extraídos dela – como o pinhão, que é a semente da araucária e a erva-mate, planta nativa dessa ecossistema e a partir da qual são feitas várias bebidas consumidas em todo o país. A iniciativa beneficia os produtores que seguem o padrão sustentável indicado, que inclui orientações de coleta das pinhas, entre ouras ações de manejo responsável das áreas naturais das propriedade.
Segundo o gestor da cervejaria Insana, Pedro Reis, a receptividade do mercado à cerveja de pinhão superou as expectativas. “No ano passado, quando aderimos ao Araucária+, tivemos um aumento de 120% nas vendas da cerveja comparando com 2014”, afirma. Reis acredita que isso se deu pelo fato de já no rótulo constar que a bebida é produzida de forma sustentável. “Esse grande aumento nas vendas confirma que o consumidor valoriza a redução do impacto no meio ambiente por isso esse ano continuaremos com a parceria.”, destaca.
Guilherme Karam, coordenador de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário, explica que a iniciativa atua tanto na cadeia produtiva do pinhão como também da erva-mate e possui papel fundamental em mostrar que é possível unir conservação e geração de renda. “Os produtores que se comprometem a seguir os padrões sustentáveis, como não realizar queimadas nem extrair as pinhas verdes, recebem cerca de 30% a mais pelo quilo do pinhão, além de contribuir para a redução do impacto gerado nas florestas nativas. É uma lógica em que todos saem ganhando”, completa Karam.
Outra medida importante citada por Karam é que os produtores devem deixar 20% das pinhas nos pinheiros para não prejudicar a disponibilidade de pinhão para aves e roedores. Essa atitude também permite a regeneração natural da floresta.
Segundo Marcos Da-Ré, diretor do Centro de Economia Verde da Fundação CERTI, o modelo inovador do Araucária+ está demonstrando ser efetivo na prática. “No Araucária+, os produtos que utilizam insumos da Floresta com Araucárias geram retorno não somente para as empresas compradoras, mas também benefícios para os produtores rurais e para a própria floresta. É um modelo inovador de desenvolvimento regional sustentável, que pode ser aplicado a outros ambientes naturais brasileiros”.
No mercado
A nova safra da cerveja de pinhão, que é produzida sazonalmente, apenas quando a extração do pinhão é autorizada (início em abril), deve chegar aos supermercados entre o final de maio e início de junho. Para 2016 serão envasadas 45 mil garrafas, que têm como destino principalmente os mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cerca de 800 kg de pinhão provenientes do planalto serrano de Santa Catarina serão utilizados na cerveja.
Fonte: Agrolink
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