Nesse ramo a gigante não impõe o seu modelo de gestão. Ela deixa os antigos donos no comando dos negócios
Matéria originalmente publicada na edição de abril de Época NEGÓCIOS e atualizada hoje
Em julho de 2008, a InBev pagou US$ 52 bilhões pela Anheuser-Busch, principal cervejaria dos Estados Unidos e dona da marca Budweiser. Ali, formou-se a AB InBev, maior produtora de cervejas do mundo. Para colocar a operação em pé, a empresa pediu nada menos do que US$ 45 bilhões emprestados. Já naquele momento, a tacada ousada parecia, ao mesmo tempo, uma oportunidade de ouro e um desafio de proporções estelares. Embora forte, a marca Budweiser estava em decadência. A sua participação de mercado havia chegado a 25% no fim dos anos 80. No momento da aquisição, estava em 9%. Hoje, atingiu 7,1% (sempre em volume de vendas). E o problema era mais abrangente. Na verdade, o consumo de cervejas tradicionais declinava no país – e segue declinando. Essa queda dava-se em meio a um fenômeno curioso. O americano, há tempos, vinha mudando o seu hábito de consumo desse tipo de produto. Indicava crescente preferência por cervejas artesanais, feitas por pequenos produtores e distribuídas localmente.
Essa guinada na postura do consumidor produziu números surpreendentes. Entre 2009 e 2014, enquanto a produção das marcas tradicionais caía 13,7%, as artesanais cresciam 141%. Foi aí que a AB InBev decidiu pelo óbvio – para que brigar com os fatos? A empresa, cujos principais acionistas são Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, comprou quatro pequenas cervejarias nos Estados Unidos – Goose Island, Blue Point, 10 Barrel e Elysian. A primeira foi adquirida em 2011 e o restante, ao longo dos últimos 12 meses. Seguindo os passos de empresa-mãe americana, a Ambev, maior cervejaria do Brasil, também se rendeu às artesanais. Em janeiro, abocanhou parte da mineira Wäls. Agora, mais uma entrou para o time. A Ambev anunciou nesta terça-feira (07/07) a compra da cerveja artesanal Colorado — a marca passará a fazer parte da Cervejaria Bohemia. Esse grupo de marcas tem algo em comum. Juntas, compõem o que se pode chamar de as startups da AB InBev.
Esse movimento tem um duplo sentido. Por um lado, faz com que a gigante marque território entre as promissoras pequeninas, voltadas para nichos de mercado – e, normalmente, com maior valor agregado. Por outro, pode ajudá-las a ganhar musculatura e a crescer. Até onde? Não há limite. Quem explica a lógica dessas aquisições é Marcel Telles: “Hoje, nos Estados Unidos, você entra em qualquer restaurante e tem uma carta de cervejas tão extensa quanto a de vinhos. Então, a gente está procurando ter em nossa rede os melhores representantes regionais e, assim, criar um portfólio para transformar algumas dessas marcas em nomes nacionais”, disse o executivo na edição de março da NEGÓCIOS.
Fonte: Época Negócios
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