Por Míriam Castro
O momento é da cerveja na capital gaúcha. As cervejarias da cidade conquistaram os principais prêmios no Festival Brasileiro da Cerveja. Mérito dos sujeitos da foto, os cervejeiros da Tupiniquim e da Seasons, que acabam de ser eleitas as melhores do Brasil. Os gaúchos desbancaram os curitibanos, campeões no ano passado. Conheça as cervejas premiadas e as os temas em alta no festival.
Os gaúchos roubaram a cena
Por Redação Paladar
Se você quiser visitar as duas melhores cervejarias do Brasil basta andar 20 m. A Tupiniquim e a Seasons ficam na mesma calçada, numa ruazinha no bairro Anchieta, em Porto Alegre. Elas foram eleitas a melhor cervejaria nacional e a segunda melhor cervejaria nacional, respectivamente, no Festival Brasileiro da Cerveja, encerrado no domingo em Blumenau. E a Basilicow, da Seasons, ainda emplacou como a cerveja do ano.
Em uma caminhada de 1 km visita-se Tupiniquim, Seasons, e mais três cervejas premiadas no festival: Irmãos Ferraro, Baldhead, Babel e Lagom.
Os gaúchos roubaram a cena este ano. Somadas, as cervejarias do Estado levaram 47 medalhas, 16 delas de ouro. Só no bairro industrial de Anchieta foram 30 medalhas. Os porto-alegrenses tomaram o trono dos curitibanos – a Bodebrown (campeã em 2013 e 14), ficou em terceiro.
“A gente foi lá para ganhar”, diz, sem rodeios, o gaúcho André Bettiol, um dos cinco sócios da Tupiniquim. E, para isso, a cervejaria desembarcou no festival com versões experimentais de alguns de seus rótulos de maior sucesso, como a Saison de Caju, que passou por barril de carvalho, e novidades fresquinhas, alinhadas às últimas tendências do mercado cervejeiro, como as cervejas sour e berliner weisse (leia ao lado).
A história da Tupiniquim começa igual à de quase todas as cervejarias artesanais: era uma vez cinco amigos que gostavam de cerveja. Só que em vez de fundar uma cervejaria, abriram uma importadora, a Beer Legends. “Mas a gente sempre quis fazer nossas cervejas”, conta Bettiol. As primeiras cervejas foram lançadas em janeiro de 2014. Catorze meses depois, são 45 rótulos (alguns em parceria com Jeppe Jarnit-Bjergsø , da Evil Twin, e, Brian Strumke, da Stillwater) além do prêmio de melhor cervejaria do Brasil, o troféu de melhor cervejaria da América do Sul (em maio, na South Beer Cup).
A grande maioria das vendas e da produção da Tupiniquim é da linha básica – pilsen, weiss, red ale e pale ale. Vendidas em- garrafa de 1 litro (a uma média de R$ 25), são cervejas de “apresentação”. “O litrão é um costume no Sul, por conta da proximidade com Argentina e Uruguai, onde essas garrafas são bem comuns”, diz Christian Bonotto, outro dos cinco sócios.
É o litrão que paga as contas da cervejaria e, com isso, libera os cervejeiros para experimentar nos outros 41 rótulos. E aí é IPA com brett, sour com levedura de champanhe, saison envelhecida em barril e por aí vai.
Mas vamos andar 200 metros para ir à Seasons, que ainda temos muita cervejaria para visitar. A Seasons, de Leonardo Sewald, é uma cervejaria pioneira. Foi a primeira se instalar em Anchieta e Sewald foi o primeiro cervejeiro no Brasil a achar que dava para cultivar lúpulo em território nacional.
Hoje, na frente da Seaons, há um belo pé de lúpulo centennial todo florido. Quando colhem as flores, eles fazem a Harvest Ale, uma pale ale com lúpulo fresquíssimo. “Mas nesta safra não vamos fazer”, diz João Kolling, gerente comercial da cervejaria. Por quê? “Porque ganhamos essa medalha e agora todo mundo quer Basilicow”, explica, quase reclamando. A cervejaria planejava lançar a witbier com manjericão só na primavera, mas com o prêmio de melhor cerveja do ano, estão reprogramando toda a produção.
“Essa cerveja é difícil de fazer, é difícil acertar a mão no manjericão, mas agora todo mundo quer a tal cerveja com manjericão.” Não esperavam ganhar esse prêmio? “Com essa cerveja, não, não imaginávamos ganhar com essa.”
Roteiro. Anchieta forma um polo cervejeiro claro. Hoje, com a abertura da Cervejaria Oito, são oito cervejarias. Mas novas fábricas devem se instalar no bairro ainda neste ano. A cada entrevistado para esta reportagem, o número aumentava. O primeiro disse que vai abrir mais uma, chegando a nove. O segundo, que a previsão é de 11 cervejarias até o fim do ano. E o terceiro, disse que ouviu dizer que serão 12.
Apesar da concentração, o roteiro turístico-cervejeiro nunca sai das conversas iniciais. “Sempre tem um começo de conversa, mas a gente trabalha muito nas cervejarias e aí fica só no começo”, diz Kolling. “A gente não tem tempo nem espaço para isso hoje. Aqui o dia começa às 4 da manhã”.
Saldo total
O Estado do Rio Grande do Sul ganhou ao todo 47 medalhas, sendo 16 de ouro. É o mesmo número de medalhas que as cervejarias paulistas ganharam. Porém, os prêmios principais – melhor cervejaria e melhor cerveja – ficaram concentrados nas mãos dos gaúchos. Os paranaenses ganharam 40 medalhas no total, sendo 12 de ouro – e ficaram com terceira melhor cervejaria (Bodebrown) e segunda e terceira melhores cervejas – Bastards Jean Le Blanc e RedCor Ryequeoparta, da Cervejaria Araucária.
Fonte: Revista Paladar
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