Ninkasi, a Deusa da Cerveja

Ninkasi é a antiga deusa sumeriana da cerveja, que transformou uma mistura de água e cevada em um líquido dourado, conhecido hoje como cerveja.

Era uma deusa muito popular que fornecia cerveja aos deuses. Ela era considerada a própria personificação da cerveja.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Salada de frutas

Cerveja com frutas é moda, modo ou modismo?


Não tem nada mais banal do que dizer que uma bebida é frutada. Não é conversa de experts, pois a vocação das bebidas fermentadas se manifesta com os mais diferentes aromas de frutas, algumas delicadas, outras esfuziantes. No caso das cervejas, esses efeitos aumentam com as chamadas fruit beers, preparadas com a mistura de polpas durante a fermentação do malte. Por isso, chegam sempre mais intensas e com surpresas que nos deixam aquele sorriso do encanto infantil diante do truque de um mágico.

Mas o assunto gera discussão. Cerveja com frutas é moda, modo ou modismo? Os três juntos, se considerarmos a onda de cervejas aromatizadas, que chegam às dezenas em bares ou lojas especializadas no Brasil — e que estão à prova no Festival de Blumenau, que começou na quarta-feira e termina amanhã. Lá, o lado desse modismo pode beirar os extremos. A cervejaria Wäls, por exemplo, está apresentando uma variedade trippel, com manga e acerola. E vai mostrar também uma IPA com cogumelos hiratake.

Exageros à parte, toda essa história começou há pelo menos dois milênios, quando os rudimentos de nossa cerveja moderna eram adoçados com o que se podia encontrar, de frutas a mel. De ingleses, irlandeses e americanos, ganhamos o gosto pelas frutas silvestres. Dos belgas, aquele gosto ácido, irresistível, de frutas vermelhas. É o caso das cervejas kriek (de cereja) e framboezen (de framboesa). Entre os rótulos mais festejados desses estilos, estão a Lindeman Kriek e a Rodenbach Rosso — que podem ser encontradas a R$ 46,90 e R$ 26,90, respectivamente, no Herr Pfeffer.

No Brasil, nossos cervejeiros estão recontando essa história com direito a toques tropicais, com aromas para todos os gostos — inclusive os dos jurados internacionais. Na linha das frutas do Norte, da Amazon Beer, de Belém do Pará, elas chegam com taperebás, bacuris e açaís, por R$ 16,99, em casas como a Beer Underground, onde encontramos também a Way Sour Graviola (R$ 19,90).

No caso dos aromas brasileiros, a Colorado, de Ribeirão Preto, não só é uma das pioneiras, mas também uma das mais fáceis de se encontrar para esse tipo de experiência. Sua gama vai da Appia, com mel de laranjeira (R$ 21, no P.J. Clarke’s), à Vixnu, com rapadura (R$ 22,80, na Churrascaria Palace). No Pub Escondido, em Copacabana, mais duas frutas bem conhecidas entram nas receitas: caju (com a Tupiniquim Stillwater Saison, R$ 15,90) e tangerina (na Tropical Bora Bora, R$ 13,90).

Café é fruta? No mundo da cerveja, sim, e das mais aromáticas. No Boteco Carioquinha, na Lapa, encontram-se dois dos exemplos mais famosos. Um deles é a Dama, de Piracicaba (R$ 29,90), com uma interessante combinação entre os amargos de lúpulos e cafés — foi parar no Beer Challenge 2014, na Inglaterra, e voltou com uma medalha de prata no peito. O outro exemplo é da Hop Arabica (R$ 21), uma associação entre a cervejaria Morada, de Curitiba, com a Lucca, empresa de cafés especiais. No contra-rótulo, o orgulho em usar o fruto brasileiro com a ficha completa do grão: o tipo (catuí), o processo de torra e, claro, a origem, na Fazenda Sertão, em Carmo de Minas. Só falta o signo.

Enfim, é como na pergunta que fazemos acima — sim, a fruit beer é moda, pois caiu no paladar do público; é modo, pela tradição do processo de preparo, mesmo com frutas mais ousadas. Mas escapará do modismo quando o respeitável público, diante de tantos aromas, não resistir à saudade das cervejas à moda antiga.


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Ninkasi Beer Club