Ninkasi, a Deusa da Cerveja

Ninkasi é a antiga deusa sumeriana da cerveja, que transformou uma mistura de água e cevada em um líquido dourado, conhecido hoje como cerveja.

Era uma deusa muito popular que fornecia cerveja aos deuses. Ela era considerada a própria personificação da cerveja.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Gustavo Penna assina projeto de complexo enoturístico no Sul de Minas


Um dos arquitetos mais prestigiados do mundo, o belo-horizontino Gustavo Penna, vai incluir um novo projeto em seu renomado currículo: ele será o responsável por todo o conceito arquitetônico de um complexo enoturístico em desenvolvimento em Bom Sucesso, no Sul de Minas, a Enovila, que deverá ser totalmente inaugurado em janeiro de 2027. O empreendimento, idealizado pelos empresários Antônio Alberto Júnior e Alessandro Rios, contempla, entre diversas experiências, a construção de uma vila de 60 casas no inteligente sistema de compartilhamento. Quem adquirir uma cota poderá acompanhar, por quatro semanas no ano, todas as práticas do dia a dia de um vinhedo, incluindo o processo de produção, o plantio, as vindimas, além de ter rótulos exclusivos, uma adega e fazer o próprio blend. Um wine bar flutuante, o primeiro de Minas Gerais, e um restaurante, ambos batizados de Alma Gerais, também fazem parte das obras e já estão em funcionamento.

Penna afirma que as casas da Enovila serão inspiradas nas tradicionais vilas mineiras, porém com traçados contemporâneos. Embora sejam independentes, os imóveis estarão unidos por um mesmo telhado e por uma única parede frontal, para trazer ainda mais a sensação de comunidade e a sutileza dos valores de uma vila.

Ainda segundo o arquiteto, responsável por projetos como o Expominas, Sesi Lab, Museu de Congonhas e a Escola Guignard (considerada uma das 30 obras mais relevantes da arquitetura no Brasil), em Belo Horizonte, uma das principais propostas é que o conjunto de casas que abrigará os futuros sócios da Enovila se integre à natureza, reforçando assim o senso de coletividade e a conexão com o meio ambiente, alguns dos pilares do empreendimento. “O que eu gosto nesse trabalho é que ele, mais uma vez, reafirma a minha atitude de criar uma arquitetura com uma linguagem muito mais mineira, brasileira e tropical. Eu não quero que o ambiente natural seja aquilo que eu deva trancar, evitar ou isolar. Muito pelo contrário: ele é tão arquitetura quanto o espaço interno”, pontua acrescentando que a vila, no sentido literal, não é um espaço frio ou meramente geométrico. “Ela é feita pela alma das pessoas que habitam esse lugar e de todos os cenários que a atravessam. Na Enovila, por exemplo, as casas vão dialogar com a topografia exuberante do Condomínio Vivert (local onde está sendo erguido o complexo), com o sol, com as sombras, com as luzes”, explica. Gustavo, aliás, revela sua predileção em trabalhar a arquitetura não apenas pensando nas edificações ou nos espaços construídos. “O que a gente pretende, ao final, é que todos se sintam acompanhados, sem isolamento em suas casas, compartilhando de um lugar harmonioso, amigo de todas as experiências que o vinho proporciona”. 

O expoente da arquitetura revela ainda que as ruelas entre as casas da Enovila querem criar intimidade, surpresa e sociabilidade. “Eu procurei fazer com que ela [a rua] seja o lugar mais humanizado e menos geométrico ou regular, instigante. Eu fugi das simetrias. As ruas da Enovila terão perspectivas e angulações variadas. Isso tudo irá ajudar os usuários a fazerem os encontros ao ar livre, a estenderem suas mesas e promoverem um almoço ou jantar despretensioso no espaço aberto. A ideia do isolamento pode até existir, mas não ali. Ali será o lugar da convivência, da troca de experiências e histórias.”

Para permitir que o empreendimento a ser erguido e a natureza local se entrelacem com harmonia, Gustavo Penna aposta, também, em luminosidade natural e promete uma vila de apaixonados por vinho onde as várias possibilidades de luz ambiente se destaquem, além das sombras e dos reflexos. “Aposto em paredes sombreadas, iluminadas pelo sol como criadoras de uma ambientação dinâmica. Também vou brincar bastante com a luz da noite, da lua e das luminárias que são capazes de desenhar outras atmosferas”, cita. 

Quanto aos materiais usados, Penna – profissional sagaz que é – não promete inventar a roda, mas investir naquilo que já faz parte da essência de muitas cidadezinhas mineiras e também espalhadas Brasil afora: pedra, tijolo, ferro e madeira. “Esses são os materiais que a gente sente que são cálidos, confortáveis e acolhedores. Isso sem falar que não são sintéticos ou industrializados”.

Por fim, questionado sobre as sensações que espera despertar nos futuros sócios da Enovila, quando estiverem presentes no complexo, desfrutando das experiências que serão oferecidas, Gustavo é taxativo: deseja que todos tenham, justamente, as percepções que ele não foi capaz de prever. “As pessoas têm que ser surpreendidas por elas mesmas, não por algo que está na cabeça do planejador. Eu quero ser surpreendido pelas interpretações que virão. Caso contrário o projeto já nasceu todo interpretado”.

Ainda de acordo com o especialista, qualquer sentimento do mundo só tem valor quando é passível de várias explicações. “Aquilo que é rico, plural e multifacetado, nunca termina, suas possibilidades não se esgotam. Está sempre gerando novas interpretações e, consequentemente, sobrevive mais do que as coisas óbvias, prontas, já vistas, repetidas e repetitivas”.

Arquiteto e fundador do escritório GPA&A, Gustavo Penna formou-se pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde lecionou por três décadas. É também membro do Conselho Curador da Fundação Oscar Niemeyer e da Fundação Dom Cabral, além de sócio fundador da Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa (AEAULP). Conquistou prêmios internacionais, como o The International Architecture Award, o World Architecture Festival (WAF), o Architizer A+Awards, o Prix Versailles, o Building of The Year 2023 e duas vezes o IF Design Awards 2020/2024.

Gustavo é autor de projetos como o Monumento à Liberdade de Imprensa, em Brasília, os Museu de Congonhas (patrimônio cultural da humanidade), Sant’Ana e Regina Mundi, em Congonhas, Tiradentes e Caeté, respectivamente, o novo Estádio do Mineirão, Sesi Lab, a Escola Guignard, ambos em Belo Horizonte, o Memorial Brumadinho, em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, em 2019, dentre outros.

Seus trabalhos já foram expostos no Brasil e no mundo, com destaque para as bienais de Arquitetura, em São Paulo, Veneza e Buenos Aires, a Trienal de Arquitetura Mundial, em Belgrado, na Sérvia, o Institut Français d’Architecture, em Paris, e a Casa da Arquitectura, em Portugal. Com seis livros publicados, seus projetos já foram exibidos nos principais sites, revistas e livros de arquitetura e design do mundo.

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