Mas se o brasileiro é apaixonado por café e as cartas dos bares e restaurantes estão cada vez mais inventivas, criativas e plurais, o que falta para que as bebidas que têm o grão como ingrediente base ganhem mais espaço? Seria porque ainda há uma questão cultural forte de associar o café ao dia e à rotina matinal? É preciso maior especialização por parte dos proprietários e bartenders? Esses foram alguns temas discutidos por Carolina Oda, especialista em bebidas, Kelly Stein, jornalista e empresária do café, e por Marco de La Roche, mixologista da Drink.Lab, no episódio especial sobre café do podcast do BCB São Paulo.
Para Kelly Stein, “o próprio mercado de café começou a olhar para a coquetelaria de forma diferente, mas isso não significa uma aplicação prática. Vejo baristas se interessando mais pelo produto desde o ano passado, mas isso está longe do ideal”, diz. Já Marco de La Roche, que também é diretor de educação do BCB São Paulo, pondera: “eu entendo os profissionais que gostariam que o café vendesse tanto quanto a caipirinha, mas não dá, tem a questão da ocasião de consumo. Entretanto, já existe um caminho sendo trilhado. Um exemplo é o Carajillo, drink com dois ingredientes, espresso e licor 43, que tem vendido bastante a ajudado a chamar a atenção para este movimento”.
Sobre a praticidade de extração do café em meio a correria de um bar, uma das questões que mais preocupam os profissionais do setor, Kelly sugere alternativas. “Em alguns locais, como o bar Fechado, os sócios decidiram investir na presença de um barista. Entendendo que nem todos tenham espaço e recursos para algo nesse sentido, então as máquinas semiautomáticas podem ser uma solução, ou métodos de preparo que não ocupam muito, como o aeropress”, comenta.
Marco de La Roche complementa com etapas capazes de acelerar o processo. “O espresso pode ser pensado como o risoto na cozinha, onde você tem um pré-preparo e depois a finalização na hora de servir. Claro que, nas entrelinhas, existem muitas variáveis, como a maneira de baixar a temperatura e também a preocupação com a diluição. Contudo, já fiz testes que deram certo, tanto para o Espresso Martini como Carajillo. Alguns bares já deixam pronto uma garrafa pequena com 6 espressos, para atender a média de drinks diária no seu bar, e servir com equilíbrio de 50 ml de espresso para outros 50 ml de licor”, detalha o mixologista.
Dando continuidade as saídas para a operação com café, Carolina Oda questionou os especialistas sobre o uso de cafés solúveis. Kelly Stein defendeu que, sim, esse é um recurso que pode ser considerado, principalmente pela evolução deste tipo de produto, mas com uma ressalva importante. “É preciso ter claro que esse é um método de preparo. Ou seja, se você tem matéria-prima ruim, o resultado também será ruim. Isso também vale para a máquina ou café coado. Outra coisa importante é que café não necessariamente é amargo. É preciso fazer testes e frequentar cafeterias para entender esse leque, essa biblioteca sensorial que o café pode oferecer e que, tecnicamente, é algo mais complexo que o vinho”, finalizou.
O episódio completo, com essas e outras abordagens sobre o universo do café na coquetelaria, já está disponível gratuitamente na plataforma BCB On Air. Para ouvir, basta clicar aqui. O credenciamento para o principal evento de destilados da América Latina também, confirmado para os dias 05 e 06 de junho, na Bienal do Ibirapuera, já está aberto. Para fazer o registro, destinado exclusivamente aos profissionais do setor de bebidas, é preciso acessar este link oficial.
Fonte: KB!Comunicação
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