A cada três moradores, um está trabalhando no 17º Festival Italiano de Nova Veneza, evento cultural e gastronômico que já faz parte do calendário goiano. Agendado para 1 a 4 de junho, na pequena cidade de Nova Veneza que possui pouco mais de 10 mil habitantes e fica a 30 quilômetros de Goiânia, aproximadamente 3,5 mil moradores estarão envolvidos no atendimento ao público, que multiplica por 12 a população flutuante da cidade. São esperados mais de 120 mil visitantes nos quatro dias de evento.
Toda a cadeia produtiva da região é envolvida: de produtores de milho, tomate, hortaliças, gado, frango etc, a profissionais do setor de gastronomia, eventos, artistas, entre outros. “O Festival mexe com toda a cidade, tanto no envolvimento dos moradores com a cultura italiana quanto na economia, que começa a ser aquecida meses antes mesmo do evento acontecer.
“A gente percebe uma movimentação intensa com a compra de insumos para os preparativos”, comenta o prefeito da cidade, Valdemar Costa. Segundo a Secretaria de Municipal de Finanças, só a arrecadação municipal cresce aproximadamente 30% durante o evento, e a entrada de recursos reverbera nos demais meses. “Após o evento, o comércio também ficou aquecido, devido ao ganho da renda extra de todos que trabalharam no evento. Por isso, digo sempre que o Festival Italiano é o 14º salário da população”,diz.
Só para se ter uma ideia, na cozinha oficial do evento, a Cantina da Nona, preparará cerca de 20 mil pratos. Para isso, são necessárias cerca de 17 a 20 vacas (7 toneladas de carne) e duas toneladas de frango. Para as massas, serão necessárias mais de três toneladas de macarrão; os molhos, que são preparados no dia do evento, devem somar cinco toneladas quando prontos. Para a polenta, serão 700 kg de fubá. São necessários em média 2.000 litros de leite, 500 quilos de queijo, entre outros ingredientes. Boa parte é adquirida no comércio da região.
Para o fornecedor de carnes, Danilo Miranda, de 36 meses, essa demanda aumenta o seu lucro em quase quatro vezes, comparado a um mês normal. Neste ano, está fornecendo cerca de 400 kg de carne suína e cerca de 200 kg de carne seca para as cantinas do evento. “Tem cinco anos consecutivos que sou fornecedor das cantinas do evento. A movimentação é grande e importante para nosso comércio”, explica.
Os comerciantes Ângela Maria e Henrique Rodrigues, donos do supermercado Barranco, também dizem o mesmo. Eles já estão em sua sexta edição do festival como fornecedores para o restaurante oficial do evento, a Cantina da Nonna, e demais expositores. “São realizadas compras específicas para atender a demanda, o fechamento mensal tem um acréscimo de venda de 20% superior ao mês, em relação ao que costumo vender, essa margem é muito importante para nossa rentabilidade”, explica Henrique Rodrigues, 42 anos, comerciante na cidade há mais de 20 anos. Já sua esposa, Ângela Maria, lembra que o evento dá oportunidade de trabalho, o que também aquece o comércio após o evento.
Gente como a dona de casa Telma Maria de Sousa, de 55 anos, se dedica a cozinhar as massas na Cantina da Nonna. Ela conta que nos quatro dias de evento, ela recebe o equivalente ao salário de um mês. “Esse cozimento de massas gera renda a mais cinco mulheres. Todas trabalhamos muito felizes e somos apaixonadas pela cidade e pelo festival, é muito importante a valorização que recebemos", fala.
O chef Antônio Faquim, de 32 anos, participa todos os anos do Festival Italiano de Nova Veneza em busca de renda extra. Desde 2010, ele monta uma cozinha para atender o evento, com 15 pratos. “A renda média que ganhamos nos quatro dias do evento equivale a seis meses de faturamento no restaurante que tenho na cidade”, revela.
Criado em 2003, o festival busca valorizar a história da cidade, formada por colonos italianos que vieram para o Brasil há mais de 100 anos. Hoje, cerca de 60% da população do município de Nova Veneza é formada por descendentes italianos.
*No campo*
No campo, a movimentação para atender o Festival Italiano de Nova Veneza também acontece. Na pequena propriedade da funcionária pública Ângela Maria da Silva, ela separou uma área para cultivar manjericão, cebolinha e salsinha para a Cozinha da Nonna. No ano passado, ela plantou 500 pés. “Eu entregava tudo fresquinho todos os dias e a produção foi suficiente para três dias do evento”, conta. A renda equivaleu a dois meses de seu salário, já tirando os custos. “Neste ano, para atender melhor a demanda nos quatro dias, dobrei a produção”, conta Ângela Maria, que também trabalha na Cozinha da Nonna.
Outro produtor de hortaliças é Vandilson Rosa dos Santos, de 46 anos, que já está em seu segundo ano fornecendo para a cantina do Faquin. Ele explica que o plantio se inicia cerca de 80 dias antes do festival. “Eu e meu filho fizemos o plantio, e ela significa 70% a mais de produtividade do que nos demais meses”, explica. De acordo com o produtor, ele entregará alface, cheiro verde, cebolinha e manjericão. “Essa produção melhora o meu ganho, o que é muito bom. O festival ajuda os pequenos produtores da região”, finaliza.
O fornecedor de carne bovina, Cleiton Divino Mesquita, de 55 anos, entregou 19 vacas para a Cantina da Nonna. Segundo ele, a movimentação para os preparativos iniciou há cerca de 45 dias do evento. "Quando se aproxima do festival a entrega aumenta cerca de 20% em comparação aos meses em que não temos o festival”, explica Cleiton.
Fonte: Comunicação SEM FRONTEIRAS