Diferentes rótulos de artesanais | André Porto/Metro
Para os bebedores de carteirinha, consumir sempre as mesmas marcas de cerveja tem se tornado cada vez mais desinteressante. Além da grande quantidade de rótulos importados disponíveis em bares e mercados, o brasileiro conta com um número cada vez maior de cervejas artesanais de produção local.
Uma das características dos novos rótulos é o uso de ingredientes pouco tradicionais, que pode incluir itens como café, rapadura e até bacon. “A diferença na produção atual é que antigamente a cultura vinha dos europeus, e era reproduzida fielmente em cidades como Blumenau. Hoje seguem mais a escola americana, que ousa mais”, diz Eduardo Vitelli, um dos sócios da Ciao! Vino e Birra.
Essa ousadia no uso de ingredientes, porém, ainda é um obstáculo para os compradores mais tradicionais. “Culturalmente ainda não aceitamos cervejas muito diferentes. A maior dificuldade é inserir para o público algo que ele não conhece”, diz Douglas Gonçalves, funcionário da franquia de bares Mr Beer.
Deixando de lado o uso de ingredientes incomuns, o grande diferencial das artesanais é justamente não diluir a fórmula original, como fazem as grandes marcas. “Malte, levedura, água e lúpulo são os ingredientes necessários para criar uma cerveja. Para baratear, usam xarope de milho e de arroz no lugar do malte”, explica Gonçalves. “Esses xaropes te desidratam, então você acaba ficando com uma ressaca maior”, diz.
O uso da mistura, porém, não é exclusivo do Brasil. Grandes produtoras como a norte-americana Budweiser usam xarope de arroz em sua fórmula. “As grandes marcas brasileiras estão tentando aumentar a quantidade permitida de aditivos”, diz o sommelier Damien Salles. O limite máximo permitido atualmente é de 45% de adjuntos.
A produção das artesanais no Brasil é pequena se comparada a de outros países, mas cresce cada vez mais, com diversas marcas de qualidade ganhando prêmios e conseguindo uma distribuição mais ampla. “As microcervejarias estão se organizando, mais gente consegue colocar as cervejas em mercados maiores”, comenta o mestre cervejeiro Alexandre Sigolo.
Santa Muerte, vendida pela Mr Beer | André Porto/Metro
Para Salles, a falta de incentivo à produção de cerveja caseira é proposital. “Não é interessante para o governo porque não interessa para as grandes indústrias. O mercado é basicamente dominado por uma marca só”, diz ele. “Toda grande mudança tributária exige uma concordância com interesses diferentes. Hoje existe uma associação de microcervejarias, a ABM, que é pequena mas já consegue ter voz. Eles conseguiram a adição de produtos animais, o que foi uma grande vitória”, completa.
“O Brasil está mais ou menos na situação dos EUA de 20 anos atrás”, diz o sommelier. “Lá a tributação da cervejaria é baseada na quantidade de litros que ela produz, então empresas pequenas pagam menos e entregam um preço mais justo para o consumidor. Isso também incentivou o consumo local, cada um bebe a cerveja da sua cidade ou região. Muitas nem são engarrafadas ou tem uma validade curta”.
Fonte: Metro
http://www.metrojornal.com.br/nacional/plus/cervejas-artesanais-produzidas-no-brasil-se-popularizam-cada-vez-mais-85921
Excelente post!
ResponderExcluirTemos que continuar valorizando nos pequenos produtores, degustando cada vez mais as cervas produzidas por eles!!!
RAM!
Você tem toda razão! Só falta o apoio do governo reduzindo a cargas tributária para os pequenos produtores.
ResponderExcluirCheers!!!